We who suffer for no approcheable, we suffer, suffer alone. --


Tenho sofrido já faz um tempo, sofrido de algo mais agudo do que o normal. é um sofrimento oculto, ou, por ser oculto, por não ter como vir à luz, se complica e agrava. um uivo agoniado e enforcado, entalado na garganta, sem ar. uma mistura empelotada de dores reais e imaginadas, som sobrefundo de acordes e harmonias falseadas como se minhas fossem pois falam por mim. e a cada vez que escuto corto mais fundo.

minhas companhias são paredes descascadas, cômodos minúsculos, calçadas esburacadas. todo fim, todo dia. e cada vez que acordo, com os olhos já abertos, falo com convicção: hoje não. 

acho que já não mais ligo de sofrer: é meu lugar comum. a melancolia me serve como ninguém, e ninguém entende minha dor – porque ela não existe, é uma criação minha, uma muleta, um portal sem saída. mas sofro, e sofro ainda mais por ser limitado, pobre, não ter como dizer o que tenho para dizer; minhas fórmulas têm um alcance cômico, e minhas conexões são -- não, elas me algemam. essa inflamação na minha garganta me deixa irritado como o diabo!

há ferrugem neste chão, há gelo. aqui estou tentando caminhar, rastejando. me esperem, andem mais devagar, não corram nem me deixem eu sou como vocês sou como vocês sou o que vocês são não soltem minha mão não vão embora daqui

Comments

  1. We suffer alone, we love alone, we die alone...
    Uma das melhores coisas que podemos fazer com o sofrimento é transformá-lo em poesia, em metáforas dolorosas e belas.

    ReplyDelete

Post a Comment

Popular posts from this blog